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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Junho 2008

“E eu Senhor, que espero? Tu és a minha esperança”. (Sl 39)

Como Davi, as vezes somos pegos meditando em nossa existência, no valor da vida e em sua brevidade, principalmente quando já não somos tão jovens assim e vemos nossos dias passando rapidamente, como uma sombra que declina, então começamos a analisar como gastamos nosso tempo passado e como estamos gastando o tempo presente.

Davi, talvez, num momento de desassossego de alma, num momento de insatisfação pessoal ou talvez, num momento de melancolia, começa a meditar no sentido e no valor da vida e chega a conclusão que pouca coisa tem valor eterno; que pouca coisa na vida vale realmente a pena, e que a maioria daquilo que nos aflige, a maioria daquilo a que dedicamos tanto tempo e valor, como por exemplo “amontoar tesouros”, são na verdade pura vaidade e não possui real valor.

No meio de sua meditação, com o coração esbraseado e com o peito em chamas ele se faz uma pergunta crucial, aliás, é a única pergunta em todo este salmo: “E eu, Senhor, que espero?”

Uma dura realidade é que, em nossa caminhada é muito fácil perder o rumo, a visão, o real sentido da vida e tomar direções equivocadas. Não são poucos os exemplos relatados na própria Bíblia, de pessoas que por diferentes razões perderam a visão e o real sentido da vida; alguns a perderam momentaneamente como é o caso do próprio Davi, outros a perderam completamente e permanentemente, como é o caso de Saul.

Creio, porém, que o pior de tudo é quando alguém perde a esperança, perde sua capacidade de sonhar; não consegue mais ter gosto e prazer pela vida; não consegue vislumbrar um futuro, isto é o mesmo que morrer estando ainda vivo.

Talvez quando Davi se faz esta pergunta, ele estava carecendo de esperança, de motivação, de sentido de vida, de uma visão clara, de objetivos e propósitos pelos quais continuar existindo e lutando, pois sem estes predicados só nos resta dizer como o profeta Elias: “Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma”.

Graças, porém, a Deus, que Ele não nos deixa só em nosso beco escuro. Ele sempre vem ao nosso encontro para renovar nossas forças; para restaurar nossa visão, para não deixar morrer nossa esperança. Foi assim que Ele agiu tantas vezes com Davi, quando ele por vários anos teve que fugir de Saul e depois de seu próprio filho Absalão, escondendo-se em lugares inóspitos, de caverna em caverna a fim de preservar sua própria vida. Porém, foram nesses lugares de provas que nasceram os mais belos salmos que recheiam nossas Bíblias.

Podemos perder tudo, como aconteceu com Jô. Nossos sonhos podem não se concretizarem como aconteceu com Moisés, que não pode entrar na Terra Prometida; nossas expectativas e anseios podem se tardar, como ocorreu com José no Egito, mas jamais, em hipótese alguma, podemos perder a esperança e a capacidade de sonhar, mesmo que seja difícil manter sempre elevado o nível de motivação; manter sempre fresca a límpida a visão, jamais devemos desistir, jamais desanimar. Crer, ainda que seja necessário “crer contra a esperança”, como fez Abraão, “pois quem fez a promessa é fiel”. (He 10:23)

Como fez Davi, sonde seu coração, verifique se ainda está no rumo certo, se ao longo da jornada não tomou rota equivocada, se não deixou morrer seus sonhos e arrefecer sua visão; se for este o caso, é sempre tempo de recomeçar, de retornar o rumo certo; de reacender a chama e manter viva a esperança, “porque na esperança fomos salvos. Ora esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como a espera? Mas se esperamos o que não vemos com paciência o aguardamos”. (He 8:24-25)

Pr. Luiz Nunes

(Boletim Ano I – nº 03 – 01 de junho de 2008 - IBBSC)